Por Marcio Costa*, em dezembro de 2016
Todos devem concordar que a educação é um instrumento libertador do indivíduo, como já dizia Paulo Freire, apenas uma educação de qualidade pode gerar igualdade em uma sociedade. Só a educação pode fazer a diferença entre os seres humanos desaparecer progressivamente. Mas a educação no Brasil ou em grande parte do mundo é capaz disso, é algo libertador? Vamos aos fatos.
O atual modelo educacional surgiu na Prússia (atual Alemanha) em meados do século XVIII, onde o rei Frederico Guilherme I instituiu a educação obrigatória a toda população. Modelo esse replicado por Napoleão Bonaparte e nos séculos seguintes, também replicado na maioria dos países do globo.
A educação do Brasil no período da Monarquia (1500 – 1889) era acessível apenas aos ricos e monarcas, e, aos seus correligionários. No Brasil republicano a educação é obrigatória a partir do primeiro mandato de Getúlio Vargas (1930 – 1945), e os governos seguintes copiaram o mesmo modelo. Mas a quem serve a educação obrigatória?
É fato notório que a educação no Brasil é defasada e que o ensino público é precário, mesmo o povo brasileiro pagando altas taxas de impostos, se quiseres uma educação de qualidade tens que pagar. Por que a população aceita isso? Por que não vejo marchas na rua a favor de uma melhor educação? Por quê?
Paulo Freire, educador brasileiro, dono de quarenta e um títulos honoris causa, já nos alertava que a educação necessita ser libertadora e nesse espírito, digo que: na verdade, porém, os chamados marginalizados, que são os oprimidos, jamais estiveram "fora de". Sempre estiveram "dentro de". Dentro da estrutura que os transforma em "seres para outro". Sua solução, pois não está em "integrar-se", em "incorporar-se" a esta estrutura que os oprime, mas em transformá-la para que possam fazer-se "seres para si". (FREIRE, 2005, p. 70)
Há quem diga que Paulo Freire era um ideológico do comunismo, mas na verdade, era apenas um defensor do igualitarismo e, principalmente, um defensor de uma educação que dá autonomia ao indivíduo. Na maioria das vezes, as pessoas que criticam Freire, são as mesmas que pagam uma educação a seus filhos, onde a metodologia de ensino é justamente a de Freire.
O Brasil pode ser o “país do futuro” idealizado por Renato Russo, basta apenas, a população se conscientizar que estamos todos no mesmo barco, imaginemos o Titanic, se não priorizassem apenas os mais ricos, muitos mais teriam se salvado do naufrágio, com a educação ocorre o mesmo, não basta apenas pagar, necessitamos exigir dos governos(?), que a educação seja igual e não obrigatória a qualquer cidadão deste país.
Existem modelos de educação libertadora em outros países. Não, e, não diga que outros países são pequenos, pois per capita, absolutamente todos os países são iguais. Finlândia, Coreia do Sul, Japão e outros são exemplos a serem seguidos. Por que no Brasil não podemos implementar tais modelos?
A educação no Brasil só serve para criar “massa de manobra”, e, entretanto quem almeja uma educação melhor aos seus filhos, necessita pagar, sendo que isso é algo salvaguardado pela Constituição Nacional, onde diz que a educação tem que atingir todas as pessoas da nação.
Todos estes pontos postos à mesa, podemos concluir que: governos(?), mídia, religiões e até alguns cientistas trabalham em beneficio próprio, em detrimento da maioria da população, pois 99% da população brasileira, é pobre, negra, assalariada e não possui voz sobre os poderes que comandam o país. Por fim o Brasil só será um país evoluído, quando a educação for libertadora e não apenas quando criarmos replicantes de conceitos e teorias.
*Marcio Costaé publicitário e estudante de filosofia.
1) No Brasil, a carga tributária equivale a 35,13% do PIB. Em 2011, o IRBES do país foi de 135,83 pontos, o pior resultado no grupo de 30 economias pesquisadas. Itália, Bélgica e Hungria vêm em seguida no ranking (Revista Exame).
2) Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia (Jornal GGN).