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.: Ninjago traz fórmula do que não deve ser feito em um filme

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Filmes que tenham alguma coisa com LEGO vêm desde 1987, com Edward e Amigos, sem contar as inúmeras obras de fãs que viram, no brinquedo, uma opção amadora para homenagear seus personagens do cinema favoritos – construindo esculturas elaboradas e fazendo filmes. Mesmo assim, LEGO era visto pela população em geral como algo infantil, especialmente em relação a seus brinquedos temáticos, como Star Wars, Piratas do Caribe ou super-heróis. Porém, foi desta maneira que o primeiro filme longa metragem da marca surpreendeu: agradando ambos adultos e crianças.

Dirigido por Phil Lord e Christopher Miller em 2014, "Uma aventura LEGO" conta a história de um trabalhador de construção, Emmet, que estava destinado a uma vida maior do que tinha. Mesmo parecendo feliz com sua rotina e trabalho, ele acaba fazendo parte de uma incrível luta entre a criatividade e a conformidade, e é ajudado por personagens engraçados como o LEGO Batman e ainda um que se parece com Gandalf, do Senhor dos Anéis. Mesclando animação e live action, o filme se revela no conflito entre um filho que quer usar o brinquedo de uma maneira criativa e seu pai, interpretado por Will Ferrell, que quer construir uma maquete para ser usada em seus negócios. Tal fórmula, que mostra o enredo tanto do ponto de vista da criança como do ponto de vista adulto, foi o suficiente para fazer com que o longa entrasse para história com uma das animações mais bem-sucedidas do cinema.

E agradou tanto que, no começo de 2017, um de seus personagens coadjuvantes acabou ganhando uma adaptação própria: o "LEGO: Batman", dirigido por Chris McKay. Mesmo abandonando a mescla entre animação e live action, o filme ainda assim estava coerente com o universo criado pelo primeiro. O LEGO Batman mantém sua personalidade sombria e engraçada, além de muitos detalhes continuarem os mesmos. O mais importante é que as brincadeiras do filme referente aos super-heróis, com participação especial do LEGO Super-Homem, continuam agradando crianças que entendem as piadas mais infantis, e adultos que tem a bagagem para entender referências mais antigas, como chacotas referentes a série do homem-morcego de 1960, interpretado por Adam West, entre outras.

E quando parecia que a LEGO continuaria com seus acertos no mundo cinematográfico, surge Ninjago. O filme é a primeira produção completamente baseada em um brinquedo já existente da LEGO. Os primeiros minutos do filme prometem agradar: começa com uma fotografia parecida com filmes antigos de Kung Fu e Jackie Chan é introduzido como um dos personagens coadjuvantes do mundo live action. Porém, após esta pequena introdução, tudo vira uma bagunça quando a animação começa.

Para começar, a fotografia e os enquadramentos da produção lembram filmes de ação, o que a princípio pode parecer uma boa ideia. Porém, estes enquadramentos são utilizados a todo momento, mesmo quando a história não é empolgante, podendo deixar o espectador cansado. As piadas do filme também são pouco originais e apelam somente ao público infantil. Até mesmo a mescla de live action e animação aparece de forma banal e sem ter alguma razão maior. Assim, Ninjago pertence a um universo muito diferente dos primeiros filmes da LEGO, que antes parecia ter encontrado uma forma de agradar a todos. É uma pena que Jackie Chan não tenha sido usado de maneira mais empolgante.    

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia ainda este ano de 2017.

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